Apenas Saudade
A luz dos postes iluminava a rua estreita e deserta, onde a lua se refletia nas poças formadas pela recente chuva que refrescara a noite, e as estrelas disputavam o brilho com as humanas invenções.
As casas bonitas, com suas janelas destacando-se atrás dos jardins agora floridos, pareciam exalar com as flores recém abertas o fresco e delicado perfume da felicidade.
Caminhava silenciosa pela calçada bem feita, respirando o ar balsâmico da primavera adocicada, absorvendo a beleza que enchia meu olhar.
Um cão correu frenético a perseguir um felino branco, que escapuliu pelas grades de um portal gigante.
Tudo calmo agora. Meu pensamento voou pelos oceanos e levou minha alma a outra rua igual àquela, quase gêmea no parecer, onde um dia ficou alguém.
Muitos anos se foram! Muitas águas e luas passaram desde então.
O toc-toc do salto na calçada úmida, dizia-me da solidão que sobrou após amar tanto. Após tanta doação.
Escuro o céu. Escura a vida. Não importa quantos pontos de luz brilhem lá em cima agora.
A alma saboreia apenas, saudade!
Nenhum comentário:
Postar um comentário