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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

CRÔNICA PREMIADA NO SITE LITERATURA LIVRE

VOLTANDO A GUARAPARI

Conheço o nosso Brasil de ponta a ponta. Norte a Sul, Leste a Oeste. Esse nosso Brasil lindo e faceiro. Mas nenhum lugar mais lindo que Guarapari. Não a Guarapari de hoje, já cheia de gente, poluída e suja. Mas a Guarapari daqueles dias, a quinze anos idos, quando a areia ainda era branca e o ar cheirava a maresia limpa. Pode chamar de nostalgia. Mas é pura vontade de ter ainda aquele sol boiando nas águas mansas, o ar matutino alegrado pelo vento nas folhas das palmeiras, o cheiro do pirão de alho misturado ao cheiro do café coado. A pousada era simples, sem riquefoques nem salamaleques. Apenas uma pousada perdida no areal, assombreada pelas árvores e palmeiras da região. O dono, um senhor já de idade, e sua filha, morena de encher os olhos dos marmanjos que por ali passavam. Cordiais e amistosos os dois. Davam as boas vindas, mostravam os aposentos, e deixavam o hóspede à vontade. Tão à vontade que alguns andavam de manhã até a noite, só de calção ou de biquíni, conforme o caso. Saía todo mundo logo de manhãzinha. Aí eu quedava silenciosa em um canto, ia escrevendo as cores, os sóis, os verdes, tentando por no papel o colorido da vista que se abria ante meus olhos. Quando os outros voltavam, eu saía. Percorria então os arredores, ouvia o soluço das águas espraiando-se pelo areão, corria com algum periquito mais corajoso que se aproximava, sorria por sorrir ao lusco-fusco da noite que se aproximava. Hoje já não é mais assim. Voltei lá para ver. E meu coração doeu com o que meus olhos viram. É! Pode ser saudade. Você tem razão!

3 comentários:

Anônimo disse...

Brasil "faceiro", já não é mais tanto...Mas que dá saudade de quado era, isso dá...
Beijão Christian

Paola Rhoden disse...

Aí amigo. Agradeço muito sua assiduidade como meu fã. Espero que esteja feliz aí em New York.
Abraços.

Anônimo disse...

outro texto maravilhoso!
sucesso sempre!